sábado, 23 de setembro de 2000

Revista Isto é Dinheiro / Invista na válvula de escape - 23/09/2000

INVISTA NA SUA VÁLVULA DE ESCAPE
Executivos descobrem que ioga, hipnose e culinária podem melhorar até a vida profissional

Marta Barbosa Nem tente marcar uma reunião com o químico Marco Fabianni, diretor no Brasil de uma empresa de engenharia ambiental americanda, às seis da tarde de uma quinta-feira. Provavelmente você não vai conseguir. Motivo? Esta é a hora sagrada da sua meditação. E Fabianni nunca faltou a uma sessão desde que começou a praticar; no início do ano. "É o momento que tenho para investir em mim". O executivo, de 42 anos, demorou para entender como essa pausa é importante até mesmo para sua vida profissional. Antes, o máximo que ele se permitia de descanso era uma partida de futebol. "A competição no campo era tanta que saía do jogo mais estressado ainda." E aí juntavam a carga de trabalho, os problemas do dia a dia, a falta de tempo para o lazer e Fabianni terminava a semana perto da loucura. foi quando resolveu seguir os conselhos da esposa e procurou um cento de ioga. Além do tempo, ele investe R$ 200 por mês em três sessões semanais. Não que as preocupações tenham diminuído, mas ele diz que aumentou sua tolerância a situações difícies. "E, com mais calma, fica fácil a solução". Atitudes como o de Fabiani têm se tornado mais comuns. É só dar uma olhada nas escolas de ioga e de meditação e até nos cursos de culinária para ver como empresários e executivos começam a pôr o relaxamento como prioridade da agenda. "Talvez o brasileiro esteja entendendo que investir na saúde mental é essencial para manter a vida em equilíbrio", diz Márua Pacce, coordenadora do centro de ioga Ganesha, de São Paulo. E quando Márua fala em equilíbrio, ela está se referindo à aquelas coisas mais objetivas da nossa vida como trabalho, negócios e dinheiro. Nos Estados Unidos, é tão comum um executivo agendar uma sessão de hipnose ou meditação como marcar uma ida ao dentista. "Talvez ser workaholic está saindo de moda", explica Márua. E, por isso, incorporam no seu cotidiano tarefas que exercitam a válvula de escape. A hipnose começa a ganhar força no Brasil e entre os adeptos estão alguns executivos que buscam a redução da ansiedade e do medo. O benefício tem seu preço - uma sessão semanal custa em média R$ 100,00. Outra descoberta dos estressados é a cozinha. Paula Moraes dona do Atelier Gourmand, escola de culinária de São Paulo, teve que instalar um cabideiro extra na recepção para acomodar a quantidade de paletós dos alunos. Os aprendizes de chef desembolsam até R$ 150,00 por três horas de aula. Até as empresas começam a perceber como essa pausa traz beneficíos. Algumas, como o Banco Santander e a consultoria Mckinsey, fecharam a escola só para oferecer cursos para seus executivos. Exagero? A Expand, uma das maiores importadoras de vinho Brasil, tem oferecido sessões de degustação para executivos. Pelo menos 800 alunos/empresários já aprenderam lá a identificar um vinho e pagaram por isso cerca de R$ 150,00."Eles desenvolvem a sensibilidade", diz Otávio Piva de Albuquerque, da Expand. Sensibilidade que depois vai fazer diferença na hora de fechar um negócio.

domingo, 10 de setembro de 2000

Revista da Folha / Cursos - 10/09/2000

Culinária A confeiteira Mara Rocha Mello, do Café Pâtisserie, ministra na terça um curso de sobremesas com chocolate e café. Das 14:00 às 17:00. Atelier Gourmand

sexta-feira, 8 de setembro de 2000

Diário Popular / Amaury Jr. - 08/09/2000

Mara Rocha Mello, do Café Pâtisseire, ministra o curso de sobremesas com café e chocolate, no Atelier Gourmand, dia 12.

segunda-feira, 4 de setembro de 2000

O Estado de S.Paulo / Agenda - 04/09/2000

Sobremesas: A confeiteira Mara Rocha Mello, do Café Pâtisserie, ministra no dia 12, no Atelier Gourmand, curso de sobremesas com chocolate e café. Ministrado no horário das 14 às 17 horas, o curso ensinará o preparo e a decoração de doces sofisticados. Informações e inscrições pelo telefone: 3060-9547.

Revista Época - Gastronomia - A turma do avental - 04/09/2000

A TURMA DO AVENTAL
O prazer de cozinhar leva amadores a cursos de culinária e transforma reuniões de amigos em banquetes
Entre goles de xerez, aquele típico vinho branco seco espanhol, o ministro da Educação, Paulo Renato Souza, controla o ponto do assado e dá folga à politica. Gaúcho, de 54 anos, Paulo Renato é o gourmet do poder. Reúne amigos no apartamento funcional, na Asa Sul do Plano Piloto de Brasília, em torno de cordeiros e picanhas. Entrou na cozinha pelo caminho da tradição gaúcha e tornou-se especialista em churrasco. Nos oito anos de exílio vividos no Chile, durante e regime militar, tomou gosto pelos mariscos, prato típico do país.
Não parou mais. Hoje, reinventa receitas tradicionais, como o arroz-de carreiteiro. Na versão do ministro, o prato leva doses generosas de tomate. Para as carnes, criou um tempero à base de alho, azeite e pimenta. O cozinheiro acidental só foge da cebola. "Seu eu cortar, passo três dias com as mãos malcheirosas", justifica. Para evitar o incômodo, repassa a tarefa à empregada.
Quando não há tempo, ele não se aperta:usa luvas de plástico. Sem lágrimas nos olhos. Ir para o fogão deixou de ser penosa obrigação para torna-se fonte de prazer e convívio social. É assim para o ministro e muitos outros aventureiros de avental. Aprendizes de chef lotam cursos para amadores em São Paulo, capital gastronômico do país, onde 75 mil restaurantes garantem mesa farta e variedade. Eduardo da Nova Mellone, de 38 anos, é dos mais assíduos frequentadores de escolas desse tipo. De dia, no comando de sua usina de reciclagem, converte caixas de supermercado em bobinas de papel. Nas noites livres, tranforma sabores e aromas. Desde janeiro, Mellone foi 20 vezes ao Atelier Gourmand, uma das escolas de gastronomia paulistanas que mais têm conquistado adeptos. Adolescente, Mellone preparava lasanhas familiares. Depois, presenteou com bolos em forma de coração a namorada, Ana Lúcia, atual mulher. Agora, diverte-se na cozinha equipada com eletrodomésticos de última geração-outra mania.
Aberto em novembro do ano passado, o Atelier Gourmand funciona numa casa espaçosa na região dos Jardins, Zona Sul de São Paulo. Na cozinha, cada um dos 12 alunos pilota seu fogão. Recebem ingredientes prontos para uso e seguem orientações de um chef convidado. Podem ir do trivial arroz, feijão e bife ao requente de pratos à base de trufas ou foie gras. Trocam dicas - e telefones. O lugar e também ponto para nvas amizades, sobretudo à noite, na hora de provar os pratos, sempre regados a vinho e boa conversa. "Cozinhar é um exercício de sefução", teoriza Fernando Barros, presidente do Instituto Gastrônomico Brasileiro, com sede em Brasília.
"A comida une as pessoas", sintetiza Ana Paula Moraes, de 31 anos, dona do Atelier com a advogada Heloísa Bacellar. Ana entrou no negócio depois de concluir duas faculdades e um mestrado em educação infantil, nos Estados Unidos. Queria voltar e abrir uma escola para crianças, mas decidiu, primeiro, passar um ano em Nova York.
Fez vários cursos de culinária e mudou de planos "Larguei tudo para cozinhar", conta. a apenas uma quadra do Atelier Gourmand, também nos Jardins, está a Spicy, loja de utensílios de cozinha importados. Para aficionados, mais parece um parque de diversões. A proprietária, Ângela Cutait Vasto, de 31 anos, montou um balcão em que chefs famosos ensinam a amadores mais ou menos experientes receitas que fazem a fama de seus restaurantes. Depois da aula, a comida e o vinho juntam executivos estressados, gourmets de todas as idades ou donas-de-casa em busca de um dia-a-dia mais criativo.
As pessoas querem é ir para a cozinha e ganhar o aplauso dos amigos
Ana Paula Moraes, pedagoga e cozinheira, dona do Atelier Gorumand
O interesse pela boa mesa no Brasil é fenômeno recente e em expansão.
Coincide com a abertura do mercado aos produtos importados, como arroz e massas italianas. Mas, para Josimar Mello, de 46 anos, crítico de gastronomia do jornal Folha de S.Paulo e autor de guias de vinhos e restaurantes, prateleiras repletas de rótulos estrangeiros não justificam tal comportamento. "Essa oferta não garante o florescimento de uma cultura gastronômica. "Mello prefere acreditar que a procura por cursos especializados da qualidade de vida.
"As pessoas preocupam-se hoje tanto com direitos civis quanto com o ar que respiram.
E estão mais atentas ao que comem", diz. O crítico acaba de lançar na internet o portal http://www.basilico.com.br/. Além de receitas, divulga informação qualificada para quem quer entrar no assunto.
Há 20 anos, quando lidar com panelas não era atividade das mais glamourosas, Wilma Kovesi abriu uma escola de culinária no bairro de Pinheiros, em São Paulo. Queria ensinar o bê-á-bá às filhas das amigas. Hoje, o perfil dos interessados mudou. E a cozinha também.
"Naqueles tempos, receita fina". Quanto mais complicada, melhor, lembra Wilma.
"Hoje, sofisticação pode bem ser uma abobrinha com alecrim".
Na escola, atendtos às aulas de Wilma ou de chefs experientes, adolescentes convivem com sexagenários. Maridos quetem ajudar esposas atarefadas. Alguns procuram novidades para ganhar aplausos no fim de semana. "Restaurantes estão caros", diz Betty Kovesi, filha de Wilma, administradora dos cursos e professora dos gourmets mirins.
Marcelo Weber, de 36 anos, é engenheiro na firma de instalações industriais do pai. Cuida das finanças. Troca com prazer o controle das cifras pelas medidas das receitas de Wilma. Ele apurou o paladar em viagens por Israel, Índia, Egito, Nepal e Tailândia. Nos fins de semana, alterna-se entre a churrasqueira da casa de praia e o fogão a lenha do sítio de Ibiúna, em São Paulo.
"Gosto de comer bem, mas nunca havia colocado a mão na massa", confessa o autor de afamados bifes à milanesa com cobertura crocante. Weber quer progredir. Depois de passar inesquecíveis férias no sul da França, região que recende ao aroma das ervas mediterrâneas, quer desenvolver os truques da culinária provençal. " Cozinhar para quem aprecia é quase um trabalho intelectual, há uma enorme troca de informações."
Trocar dicas com o chef Alessandro Segato é um dos atratvos do Atelier de Alta Gastronomia, inaugurado há um ano.
Segato, um italiano de 26 anos, chegou ao Brasil em 1995, a convite do restaurateur Rogério Fasano. Hoje, prepara-se para abrir o próprio negócio na capital paulista.
O curso funciona em sua casa, nos jardins. No quintal, a horta fornece os temperos, Os grupos compartilham as experiências culinárias na longa mesa da sala, entre cristais e prataria franceses. "É um pequeno mundo da gula", diz Segato. Anira Verdi, de 53 anos, aluna, penetrou nesse universo apenas pelo prazer de juntar amigos. Criou, com o professor, uma confraria no requintado apartamento de frente para o Parque do Ibirapuera onde vive com o marido o empresário Waldemar Verdi Jr. "Saber como misturar ingredientes e montar pratos sedutores é interessante, até para quem não é expert."
Paulo Ricardo Baroni nasceu especialista. A beira do fogão era o lugar preferido da casa desde a infância, quando via a mãe preparar pratos italianos.
Aos 17 anos, hora de dar ruma à vida profissional, a paixão pela culinária explodiu. A pressão do pai, no entanto, levou-o a um curso de administração e à industria da família. O resultato, uma tremenda frustração. Até o dia em que virou a mesa, às vésperas do aniversário de 30 anos. Em janeiro, encontrou-se nos cursos do Atelier Gourmand. Na mesma noite, matriculou-se pela internet na faculdade de Gastronomia Anhembi - Morumbi e decidiu: abriria um restaurante. O sonho chama-se Empório da Lata e será inaugurado em 12 de setembro, na paulistana Vila Madalena, com o amigo Eduardo Duó.
Baroni fez mais de 40 cursos, um deles em Florença, na Itália. Recuperou receitas caseiras. "A imagem da mãe cozinhando, os cheiros e gostos guardados por toda a vida vieram à tona", revela. Ele incluiu no menu o prasaico nhoque ao sugo. Tempera-o com memórias da infância. O sabor é inimitável.