sexta-feira, 2 de fevereiro de 2001

Viver/ Sabores do mundo - 02/02/2001

Iham pela boca explodindo, estranhamente sólidas, numa vertigem que parece tornar o paladar um súbito arrepio eslavo. Da mesma forma, Daniel Boulud, no Daniel, consegue reinterpretar seu grande mestre, Paul Bocuse, com um frescor que pode nos remeter às pervertidas releituras das naturezas-mortas de Georgia O' Keeffe no Museu Witney: há um momento em que pétalas podem se transformar em insinuações tão pouco inocentes quanto a aprentemente simples substituição do molho de manteiga pelo de vinho tinto na receita adaptada por Boulud introduzindo Baroo na fórmula original de Bocuse para as paupiettes de peca. A mais estimulande surpresa na culinária nova -iorquina dos últimos anos, voltar ao daniel é sempre um evento: como com toda boa arte, Daniel Boulud fez de sua cozinha uma novidade que permanece novidade. Mas o melhor de Nova York é que, quando se trata de decidir sobre restaurante, ningém nunca escolhe pratos - escolhe atmosferas, fantasias, romances. Ninguém é capas de sair de um jantar no Café des Artistes sem lamentar que sua vida não fosse pintada por Howard Chandler Christy - que multiplicou sua Christy Girls, nuas, joviais e encantadoramente terrenas pelas paredes de todo o restaurante com um magnífico, irresistível, convidativo tributo às alegrias da carne. O champanhe de pêra, o pot-au-feu e o peito de frango recheado com quijo Stilton nunca foram menos irrestiveis - desde o tempo em que o Cafê era frequentado por clientes como Isadora Duncan, Noel Coward, Rodolfo Valentino e Alla Nazimova. Reaberto, o Russian Tea Room continua com seu blini de caviar, seu coulibiac e seu pato Tabaka, e a Grand Central Oyster Bar & Restaurant permanece tão perne quanto os trens em Thomas Wolfe, com seu salão arqueado coberto por telhas que refletem e se embaçam com o movimento de filés de tubarão e cremes de marisco servidos com uma frequência quase ininterrupta, como se seus arcos formassem ao mesmo tempo um refúgio, um templo e um patrimônio - não só da cidade, mas também da memória de cada um. E há, eventemente, a saborosa culpa dos prazeres de cada um - os guilty pleasures de todos: desde o pastrami e o corned beef do Carnegie Delicatessen aos muffins e o sanduíche de queijo do Red flame, um diner discreto e delicioso na rua 44. São opções clássicas e tradicionais - mas eu prefiro reservar a aventura para outros campos que não o da culinária. Além disso, falar sobre gastronomia em Nova York é como falar sobre poesia beat em São Francisco, música clássica em Boston ou cirurgia plástica em Los angeles - o tema é infinito. Ir a restaurantes pode ser um protocolo, uma obrigação, um hábito, uma mania agradável; ir arestaurantes em Nova York é um conto de fadas. CHEESEBURGER

Rendimento: 4 porções

Receita: restaurante P.J Clarke's, adaptada por Ana Paula de Moraes Rizkallah, do Atelier Gourmand

Grau de dificuldade: simples

INGREDIENTES:

800g de coxão mole ou patinho moído

1 cebola picada

1 ovo

1 colher de sopa de farinha de trigo

cebolinha francesa picada

óleo de milho

4 fatias de queijo cheddar

4 pães de hambúrger aquecidos no forno

sal e pimenta

MODO DE FAZER:

  1. Em uma tigela, misture a carne, a cebola, o ovo, a farinha, a cebolinha, o sal e a pimenta.
  2. Divida a mistura em 4 partes iguais e mode os hambúrgueres.
  3. em uma frigideira antiaderente grande, aqueça algumas gotas de óleo. Coloque 2 hambúrgueres, virando quando começar a soltar sangue.
  4. Coloque uma fatia de queijo sobre o lado já cozido. Acrescente 2 colheres de água na lateral da frigideira e tampe para o queijo derreter. Retire os hambúrgueres e coloque-os no pão.
  5. Se quiser, cubra com folhas de alface e rodelas de tomate. Repita as operações 3 e 4 com os hambúrgures restantes.

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