quarta-feira, 3 de novembro de 2010

Gastronomia Doméstica

Atelier Gourmand
Desde que decidi assumir minha paixão por gastronomia venho me aprofundando no assunto.
Buscando aprender técnicas, conhecer novos ingredientes, temperos e sabores, fazer
muitos testes e lugares e claro, relatando cada experiência aqui no blog.
E já que estou aprendendo o b a ba da gastronomia achei que seria interessante assistir
uma aula de culinária para conhecer a didática e pegar muitas dicas.
Me inscrevi na aula-almoço do Atelier Gourmand. Para quem nunca fez aulas é um
excelente começo, por ter um perfil bem de escola mesmo, onde a professora-chef
faz demonstrações e dá dicas e explanações sobre o modo de fazer,
os alunos fazem anotações, analisam resultados e depois vão para casa estudar a
matéria fazendo suas próprias experiências, com a vantagem de não ter a prova final.
Rápido e indolor, não requer prática nem tão pouco habilidade e ainda pode-se
vivenciar um clima agradável e uma refeição completa preparada com cuidado.
Escolhi o cardápio, liguei, confirmei presença e fui com minha mãe atrás dessa
nova experiência.
O Atelier Gourmand é uma casinha discreta na Bela Cintra. Chegamos cedo,
quase uma hora antes, graças a uma pequena confusão que fiz com o horário da aula.
Tenho que prestar mais atenção a horários e caminhos, essas pequenas confusões andam muito recorrentes.
No horário certo, sem atrasos, a chef Camila Taquari veio nos chamar.
Havia um total de 12 pessoas para a aula.
Quando entramos na cozinha a mesa estava posta e a entrada servida.
Nos serviram o vinho e já podíamos provar enquanto a chef explicava com
muita simpatia todos os pormenores e dava muitas dicas para o preparo do prato.
Era uma deliciosa salada de folhas de rúcula, com brusqueta de pão italiano
coberta por berinjela, bresaola e mussarela de búfala, tudo regado com um
delicioso molho feito de vinagre balsâmico de framboesa reduzido com caramelo
de açúcar mascavo.
Logo na entrada já duas coisas me impressionaram, a bresaola e o molho.
A bresaola é um presunto de carne bovina seca muito magra, tipicamente italiana,
suave e saborosa. E o molho da salada feito com caramelo de açúcar mascavo ficou extraordinário.
O doce do caramelo quebra a acidez do vinagre que quebra o doce do caramelo, ou seja, sabores complementares que deixam uma simples salada com um toque sofisticado e surpreendente.
Na sequência, e sem perder tempo, a chef começou a demonstrar e explicar o prato principal.
Assim como a salada era bastante simples, mas com várias sugestões de como tornar
uma refeição comum em uma grande celebração à gastronomia.
Consistia em peito de frango recheado com espinafre acompanhado de abóbora.
A chef ensinou desde a melhor maneira para fazer o corte e facilitar o momento de rechear
o frango até algumas dicas sobre o uso do estragão e da noz moscada.
O que me impressionou dessa vez foram as abóboras. Da mesma maneira que costumo
fazer batatinhas aqui em casa, em uma grande forma com uma dose generosa de azeite
e um pouco de sal grosso. Muito melhor do que batata, porque a abóbora é muito mais
saborosa e com textura mais aveludada, além de seu leve adocicado que presenteia o
paladar com várias nuances em um mesmo prato.
Quanto ao frango achei um pouco seco, talvez fosse necessário um pouco mais da mistura
de conhaque e manteiga sobre ele, mas adorei a maneira de amarrar o barbante.
Além de prender o recheio a chef enrolou de uma maneira que eles ficavam com
o aspecto de uma "trouxinha" de frango depois de prontos, o que deixou a
apresentação mais delicada.
O toque de noz moscada ao recheio também foi fundamental para agregar mais uma
nuance ao todo.
Para finalizar, brownie de chocolate branco com maracujá.
Brownie de chocolate branco é algo bastante inusitado e em um primeiro momento
a impressão de todos é que deve ficar com um sabor muito doce e talvez até um pouco enjoado,
mas é aí que entra o maracujá. O azedinho do maracujá quebra o excesso de doce do chocolate
branco e o resultado é um brownie com gostinho de bolo da casa da vovó.
Ele fica menos úmido do que o brownie tradicional, o sabor não é tão marcante e dispensa o
sorvete de acompanhamento. Tudo bem que tudo com sorvete fica mais gostoso,
mas neste caso ele fica com o gosto de bolo caseiro recém saído do forno tão intenso
que com um café para acompanhar faz a chave de ouro da refeição.
O segredo é não compará-lo com o brownie de chocolate amargo e apreciá-lo sem preconceitos
para perceber a delicadeza de seu sabor e colocá-lo na lista de doces preferidos.
Saimos de lá satisfeitas, tanto pela refeição, quanto pela aula.
E o principal, com a cabeça recheada de novas idéias.
Tem coisa melhor do que experiências e sabores novos compartilhados
com pessoas especiais?

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